quarta-feira, 16 de julho de 2014

“ TODO SALVAMENTO É TEMPORÁRIO”



Quem sou eu e quem é o outro? Até que ponto eu vejo o outro como outra pessoa, até que ponto perco a objetividade e o vejo como um espelho de mim?
Todos nós tendemos a projetar coisas de nossas almas sobre as outras pessoas, em maior ou menor grau, e em alguns momentos específicos. Convém avaliarmos melhor, sempre, se aquilo que tanto criticamos ou elogiamos em nosso próximo está realmente no outro ou se é algo nosso que se encontra projetado. O momento da autoanálise pode ser um maravilhoso momento de complementaridade, em que nos confrontamos conosco mesmos ou um momento em que surge alguém com as peças que faltavam para montarmos um quebra-cabeças, suave ou dolorosamente,mexendo em nossas feridas.
Não mais que de repente, algo imprevisível pode acontecer e mudar o rumo das coisas. Saber quem sou eu e quem é o outro fará toda diferença num momento desses: mostrará que mesmo com a certeza do outro ao nosso lado, somos seresúnicos, com peculiaridades e história própria. Não somos uma ilha em si, pois temos o outro, mas somos uma ilha em nós.
O livro “ A Culpa é das Estrelas”, à princípio, não estava na relação dos que eu leria nos próximos meses, no entanto, durante a semana, por várias vezes ouvi alguém falando, comentando sobre ele, até que uma aluna me falou do filme que estava em cartaz. Além de falar do filme, ainda me emprestou o livro para ler.
 A história gira em torno de Hazel, uma adolescente com câncer terminal. Em uma reunião de um grupo de apoio a crianças com câncer, ela conhece Augustus, um jovem bonito, bem humorado e que causará uma reviravolta na vida Hazel. Do câncer, Hazel e Gus tiraram a lição que não há tempo para lamentações, pois o tempo, principalmente o deles, é curto. Hazel sonha em conhecer o escritor holandês Peter Van Houten e Gus vai ajudá-la a realizar seu sonho. Juntos, com a mãe de Hazel, ambos vão para Amsterdam, onde mora o enigmático escritor, em uma aventura contra o tempo.
O grande trunfo do livro é a maneira como a trama é narrada pelo autor. John Green consegue contar a história de uma maneira leve, bem humorada e sutil. O livro é fantástico. A maneira como o autor expõe a doença, o diagnóstico, a esperança de cura, a desesperança, as questões do aqui e agora, o que esperar da vida, a luta... A presença do outro em momentos tão especiais quando tudo parecia perdido.A presença do eu quando tudo parecia perdido.
A grande questão que me prendeu foi o título: Será que a culpa é mesmo das estrelas? Tantas e tantas coisas acontecem sem que estejamos preparados. Muitas vezes vemos coisas acontecendo com outras famílias e achamos que nunca acontecerão na nossa. Muitas vezes olhamos com desdém, culpamos e julgamos sem saber ao certo o motivo do ocorrido. Tantas vezes a vida vem de forma sutil nos avisar para aprendermos, mas não aprendemos. Aí vem a dor. “Esse é o problema da dor (...). Ela precisa ser sentida”. A vida é extremamente curta. Hazel teve que aprender da pior forma:A dor estava sempre presente, me puxando para dentro, exigindo ser sentida” são palavras dela numa parte do livro.
Como engrandecemos quando a dor se faz presente. A sensação de alívio pós-dor não tem explicação. E para mim, a dor mais doída é a da alma, do espírito. “Que o convívio comigo mesma seja ao menos suportável,” pois eu sou meu peso e minha medida, minha salvação e minha perdição. Tenho que concordar com a protagonista quando diz: “Sem dor, como poderíamos reconhecer o prazer?”
Pois é! Hazel teve um final feliz. E a culpa não é das estrelas, mas dos pensamentos de Hazel que, em sua turbulência, não conseguia organizá-los em constelações. A grande lição do livro é que é nos dias mais sombrios que o Senhor coloca as melhores pessoas na nossa vida.Que valha a lição para todos que lerem o livro ( que eu indico), pois às vezes parece que o universo quer ser notado.

DICA DA SEMANA
Para mim ou para eu?
# Para eu: Eu é um pronome pessoal reto, devendo ser utilizado quando assume a função de sujeito. Assim, para eu deve ser utilizado sempre que se referir ao sujeito da frase e for seguido de um verbo no infinitivo que indique uma ação.Exemplos:Era para eu fazer esta proposta.
# Para mim: Mim é um pronome pessoal oblíquo tônico, sendo ser utilizado quando assume a função de objeto indireto, devendo estar sempre precedido por uma preposição. Assim, para mim deve ser utilizado sempre que se referir ao objeto indireto da frase.Exemplos:Este presente é para mim.

terça-feira, 8 de julho de 2014

“O DIABO PODE CITAR AS ESCRITURAS QUANDO ISSO LHE CONVÉM”



            William Sheakespeare proferiu esta frase-título num de seus escritos. Realmente, algumas pessoas usam de todo e qualquer artifício quando a questão é garantir benefícios próprios, não importando quem é ferido.
            De fato, a mentira faz parte do cotidiano de todo cidadão, seja ele jovem ou velho, às vezes em proporções pequenas, sem maldades, podendo até ser considerada uma brincadeira. Em outras circunstâncias, tão grave que até podemos considerar uma doença, ou seja, vai de uma simples dor de cabeça para deixar de fazer algo, até a ostentação de um emprego para impressionar alguém. A verdade é que ninguém gosta de se sentir inferior ou ser punido e isso faz com que algumas pessoas mintam para outras pessoas e até para elas mesmas. Mentem de tal forma que elas mesmas acabam acreditando e se convencendo de sua mentira. Já é tão comum que quando não mentem acham que há algo errado.
            Mas, o que leva uma pessoa a mentir?  Mentem para se beneficiar, popularizar... Essas mentiras começam quando ainda nem se tem malícias. As crianças, por exemplo, quando praticam algo e se sentem ameaçadas, seja pela punição ou humilhação, mentem. E no decorrer da vida essas mentiras vão se tornando corriqueiras sem que percebam. Com uma mentira aqui outra acolá vão se envolvendo e deixam de viver muitas das vezes suas próprias vidas e passam a viver um personagem que sonham, idealizam, por terem vergonha do que realmente são, pela vida que levam.
         Somos seres humanos imperfeitos e por isso cometemos erros, porém está em nós brincarmos ou sermos doentes. Cícero - filósofo, orador, escritor, advogado e político romano - disse que “a verdadeira glória lança raízes e até se multiplica; tudo que é falso, dura pouco... e nada fingido pode ser duradouro.” Da mesma forma diz o ditado popular: “A mentira tem pernas curtas”. E completo: O mentiroso tem que ter uma memória formidável, deve ser ardiloso, pois do contrário, dia menos dia, se entregará. Cairá na própria armadilha.
            Jô Soares escreveu um texto onde diz: “Não significa que você é falso, quando você é legal com alguém que você não gosta. Significa que você é maduro o suficiente pra ser educado. Na verdade, falso é quando você mente. Quando você não gosta da pessoa e diz ‘te adoro, amigo’: isso é falsidade. Educação, não! Educação é uma dádiva que certamente te dá dignidade diante de qualquer desafeto.” E diz ainda que as pessoas estão tão acostumadas a ouvir mentiras que sinceridade demais choca e faz com que pareçamos arrogantes. Quem sabe, as pessoas não queiram a verdade, mas a mentira que é mais agradável. Luther King dizia: “ Para criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que se pensa.”
            Eu sempre digo que sei lidar com todo tipo de pessoas, mas admito,  com o falso tenho dificuldades. É o príncipe de Maquiavel: conforme convém agrada, ofende, demite, admite, manipula, joga, elogia, faz lavagem cerebral. Esse ser, com o passar do tempo, tombará. Demorará um pouco, mas tombará. “A justiça tarda, mas não falha”: Isso serve tanto para a lei do homem quanto à lei divina.
            No fundo, acabo me divertindo com alguns mentirosos que acham que estão “abafando”. Não sabem os imbecis que uma das mentiras mais fecundas, interessantes e fáceis, é fazer a pessoa mentirosa pensar que acreditamos no que ela diz. Estou quase doutorada neste quesito.



DICA DA SEMANA

O ORADOR FEZ UMA COLOCAÇÃO INTELIGENTE.
 Ninguém faz colocação nenhuma e, muito menos, inteligente. Melhor ser inteligente e interessante: fazer uma exposição. Virou mania nacional o uso de colocar e colocação, mas ideias não se colocam, se dão ou se expõem.
Usemos colocar e colocação em casos concretos: a colocação da fechadura, colocar a TV na sala, a colocação do rapaz no exame vestibular, colocar o livro na estante.
Fora daí, qualquer colocação está fora do lugar.


terça-feira, 17 de junho de 2014

O vento é sempre o mesmo, mas sua resposta é diferente em cada folha”



            Novamente tenho que dizer que a força que rege o Universo, esta força inteligente, é perfeita em sua criação. Que bom que somos seres em estágio de crescimento, de evolução diferentes. O diferente é que faz a diferença, no entanto, o diferente não deve ser para invejar. Deve sim, ser para crescer, para admirar.

Ao mesmo tempo que somos tão distintos um do outro, somos tão iguais e únicos. Iguais na ânsia de viver, do sonho de vida melhor, na fuga do sofrimento, na busca da felicidade. Únicos, exclusivos nesta jornada, e por isso devemos ser felizes. Temos que usar da nossa autoridade como ser único, sem aumentar, nem diminuir ninguém. Devemos ter a clareza do grau de evolução de cada um. Devemos lembrar que tudo que cai na pele deixa sua marca, que tudo que cai na alma deixa sua marca. Devemos lembrar que mesmo dormindo nós nos comunicamos e lidamos com o igual e o diferente.

Quantas vezes palavras são mal interpretadas, mal compreendidas. Por quantas vezes somos julgados pelo que não dissemos, mas pelo que foi compreendido pelo outro. Eu sempre digo que somos responsáveis pelo que falamos, não pelo que o outro entendeu, pois há várias possibilidades de entender e de não entender. Nossa fala sempre é uma “faca de dois gumes”. Por isso: o diferente é a grande diferença. Da mesma forma, não podemos dar aquilo que não temos, não podemos ensinar o que não sabemos. Como posso, então, querer que o outro seja o que eu não sou? Novamente: respeito ao diferente!

O escritor René Girard, em seu livro “A violência e o sagrado”, fala do conceito de desejo mimético (de camuflagem, imitação) e de vítima sacrificial. Ele coloca que este mecanismo de imitação, quando concentrado num grupo, precisa ser internalizado pelos membros, para não haver uma explosão de violência que destrua o grupo inteiro. Eis aí o início das religiões. A violência, para Girard, constitui “o verdadeiro coração e a alma secreta do sagrado. O sagrado é tudo o que domina o homem, e com tanto mais certeza quanto mais o homem considere-se capaz de dominá-lo. Inclui, entre outras coisas, as tempestades, os incêndios das florestas e as epidemias que aniquilam uma população. Mas é, principalmente, ainda que de forma mais oculta, a violência dos próprios homens, a violência vista como exterior aos homens e confundida, desde então, com todas as forças que pesam fora dele”. Como animais, nos comportamos onde o mais forte quer sempre vencer o mais fraco. Também nesta linha, em sua obra mais recente, “A Via”, Edgar Morin responde à seguinte pergunta: estamos caminhando para uma cadeia de desastres? Para respondê-la, dividiu o livro em quatro análises: a regeneração das relações sociais; as bases da democracia cognitiva, da reforma da educação, da formação de intelectuais; os problemas cotidianos e as reformas morais necessárias.

Bem, e o que tudo isso tem a ver com o diferente, com o igual, com o ser único? Tudo! Absolutamente tudo. Estamos tão acostumados a só respirar que não percebemos o que nos cerca e que tudo está interligado. Que tudo tem um pouco de profano e sagrado. Que o diferente ao meu lado faz a diferença. Que o meu crescimento está totalmente ligado ao movimento e aos pensamentos de cada indivíduo. Sou o que sou pelos iguais, mas mais ainda pelos diferentes. E isso me faz Único! Alan Kardec diz: “ o hoje é o efeito do ontem, que foi a causa. O hoje também é a causa do que será o amanhã.” Portanto, não existe destino. O meu destino quem o faz sou eu mesma, pelas minhas escolhas.

“Se um homem marcha com um passo diferente do dos seus companheiros, é porque ouve outro tambor,” diz Henry Thoreau, sabiamente. A palavra chave, enfim, é perceber e aceitar que temos possibilidades infinitas e que é possível que as pessoas sejam finalmente compreendidas e vistas como normais apesar de suas diferenças.

DICA DA SEMANA
CASOS PROIBITIVOS DO USO DA CRASE:
1) Antes de palavras masculinas: Andar a cavalo.
2) Antes de verbo no infinitivo: Estava a escrever poemas.
3) Antes de pronomes pessoais ou de tratamento: Refiro-me a você.
4) Antes da palavra casa quando não determinada: Eles retornaram a casa.
5) Antes de indefinidos: Refiro-me a certas mulheres.
6) Antes de palavra feminina no plural: Assisto a novelas de época.
7) Antes dos demonstrativos "essa, essas; esta, estas": Dei a apostila a essa aluna.
8) Antes de numeral: A quantidade de candidatos não chegou a dez.
9) Antes da palavra terra (= chão firme) quando não especificada nem se referir ao planeta: Os navegantes retornaram a terra ao amanhecer.
10) Em expressões com palavras repetidas: Ficou cara a cara com o gerente.
11) Quando já houver outra preposição: Fui para a escola.